Objetivos
. Montar um plano de distribuição para o seu veículo de comunicação
. Mapear estratégias para aumentar o alcance e impacto das reportagens
. Ampliar o envolvimento da equipe no desenho de estratégias de distribuição de conteúdo
Referência
Todo trabalho só ganha o mundo a partir da distribuição. Distribuir é fazer a ponte de contato entre o conteúdo e o público para o qual ele foi pensado. Ter um plano de distribuição ajuda as redações a pensarem estratégias, conhecerem seu público e os potenciais da equipe para fazer uma mensagem chegar aonde se pretende. Ao implementar estratégias de distribuição, amplia-se o potencial de um conteúdo ter impacto, aumenta-se o alcance, faz a informação chegar a quem deve consumi-la. É também um processo de autocuidado da redação, que potencializa as chances de um veículo ganhar relevância local, e de inovação, pois permite a experimentação dentro das redações.
Na Énois, as estratégias de distribuição são pensadas em conjunto e coordenadas por uma analista de distribuição. Um dos exemplos é o Prato Firmeza, um projeto que se desmembra em livro físico, vídeos, reportagens na mídia local e tradicional, além de eventos online e offline, além de um guia metodológico.
Resultados
. Criação de estratégias de distribuição alinhadas às capacidades e tamanho dos veículos
. Potencializar a chance de o veículo ganhar relevância local e, assim, se manter por mais tempo
. Inserção da distribuição no planejamento das pautas como algo sistemático
. Maior alcance e impacto local das reportagens
. Engajamento dos públicos-alvo com o conteúdo produzido
Como medir
. Por meio de análise das métricas e do rastreamento de impacto
. Comparação com período anterior, quando não havia o plano
. Por meio da arrecadação financeira, caso seja algo vendável, de cada produto entregue
. Feedback e envolvimento da equipe na distribuição
Passo a passo
Definir quem irá construir o plano. Para começar a fazer um plano de distribuição, você precisa reunir a equipe que ficará responsável por ele. O ideal é que o processo envolva a pessoa responsável pelo financeiro da instituição, a coordenadora do veículo ou da redação e uma repórter (ou a pessoa diretamente envolvida com a produção).
Pesquisas iniciais. Após selecionar a equipe responsável, o próximo passo é fazer três mapeamentos: uma pesquisa para conhecer quem é o seu comunicador/a sua equipe; uma pesquisa para conhecer quem é o seu público; e uma pesquisa para identificar quem é o público que você quer atingir. Com isso, você também alcançará um conhecimento geográfico do alcance do seu veículo.
Pesquisa do comunicador. Se o seu veículo é grande, você pode passar um formulário online. Se é pequeno, pode fazer uma série de entrevistas pessoais com cada integrante. A pesquisa deve responder qual a raça, gênero, temas de interesse, quais as principais habilidades e ferramentas que domina e qual o território daquela pessoa. Com isso, você conseguirá mapear qual tipo de produto e distribuição sua equipe consegue fazer, por exemplo.
Pesquisa do público de interesse. Faça uma pesquisa quantitativa e qualitativa de quem é o seu público. Isso pode ser feito a partir de formulários online, olhando as métricas disponíveis nas redes sociais e/ou com entrevistas. O objetivo aqui é saber onde essas pessoas vivem, qual o perfil racial e socioeconômico delas, por onde consomem conteúdos, como a informação circula nos territórios delas e que tipo de formato não é consumido no território dela. Você pode inclusive colocar exemplos de referência de formatos.
Pesquisa do público a alcançar. A partir dos dados anteriores, você pode fazer um terceiro mapeamento, para identificar quais são aqueles públicos e perfis de pessoas que quer atingir, mas não consegue ainda. Direcione uma pesquisa para saber como essas pessoas consomem conteúdo, quais as principais formas de consumir conteúdo no território delas. Daqui, você pode desenhar uma estratégia para chegar a essas pessoas.
Escuta. O seu plano pode contemplar ainda um processo de escuta sistemático para consultar o seu público no desenho de cada produto que pretende fazer. Assim, você consegue desenhar com maior alinhamento ao público final a distribuição desde o começo do planejamento da pauta.
Estratégias de distribuição. Com base em cada escuta, faça o cruzamento dos dados e defina quais serão as estratégias de distribuição que você consegue fazer dentro da sua instituição. Você pode dividir a lista de estratégias em ações de rua (offline) e ações digitais. Cada estratégia, quando selecionada de acordo com a pauta, começará a ser executada ao mesmo tempo que há a produção do conteúdo.
Distribuição transmídia. É importante colocar no plano, estratégias de distribuição que possam desmembrar o conteúdo em diferentes formas de apresentação, que se complementem e, ao mesmo tempo, possam de maneira independente informar. Por exemplo, uma matéria pode se transformar em uma infografia, que pode ser publicada nas redes sociais e impressa para ser colada na porta de uma unidade de saúde. É importante também convidar o público para ver os diferentes conteúdos.
Ações de repercussão. Coloque no plano estratégias para realizar ações de repercussão dos seus produtos, isto é, conversas públicas, webinars e outros tipos de eventos. Isso ajudará a alcançar os públicos de interesse e, ao mesmo tempo, influenciará nos debates de outros segmentos sociais.
Orçamento. Agora que você já sabe quais os tipos de distribuição possíveis para a sua organização, faça um modelo de orçamento para viabilizar cada um deles. Coloque os custos de impressão, contratação de pessoas, compra de equipamentos, contratação de serviços, etc. Preveja um modelo de orçamento flexível para adaptar-se às diferentes entregas do seu projeto de jornalismo.
Logística de produção. Faça um desenho logístico de como sua organização irá tirar as estratégias de distribuição do plano e colocá-las em execução. Qual o caminho que o produto precisará percorrer até chegar à rua? Ele deve incluir toda a cadeia de pessoas, equipamentos e serviços envolvidos na execução.
Cronograma. O plano também deve prever uma organização de cronograma de pré-produção (datas do desenho da distribuição, reuniões de planejamento, orçamento, captação de recursos, etc), produção (datas de produção de textos, captação de vídeo, edição, revisão, mapeamento de rede, fechamento de parcerias, entrega do material nos locais previstos, data dos eventos, etc) e análise de impacto (coleta de dados, análise dos dados, produção de relatórios, etc).
Mapeamento de rede. Essa é uma das etapas mais importantes: aqui você irá fazer um mapa de quem são os veículos, coletivos, etc, presentes nos territórios onde vive e atua o seu público. Por meio dele, você poderá estabelecer parcerias para distribuição de conteúdo localmente. Também vale inserir aqui veículos de comunicação tradicionais, que têm linha editorial alinhada com a sua e podem atuar nessa distribuição por meio de parcerias.
Impacto. O plano deve ter ainda um tópico dedicado a como você irá medir o impacto das estratégias de distribuição aplicadas. Você pode fazer isso coletando dados quantitativos fornecidos pelas plataformas online, mas também de maneira qualitativa, pedindo feedbacks e coletando feedbacks recebidos pelos parceiros. O objetivo é mapear o que deu certo, quais as dificuldades enfrentadas e o que pode ser melhorado para a próxima vez. Faça um relatório, como se fosse um diário de impacto do projeto, que tenha imagens e fotos também.
Aplicação do plano. Com o plano em mãos, faça um planejamento de como ele será implementado: a capacidade de implementação será de acordo com o perfil do veículo. Se você é de um veículo com equipe pequena, pode começar com uma editoria; se é um coletivo, pode começar com um projeto em específico; se é um jornalista autônomo, pode começar por uma reportagem maior; se é um veículo local tradicional, pode inserir na estrutura das suas políticas e diretrizes.