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Como ampliar o controle da sua narrativa por meio da distribuição

Tempo de leitura: 4 minutos

Objetivos

. Usar a distribuição para manter o controle da narrativa dos seus produtos

. Mapear formas e canais de distribuição alinhados com a sua narrativa

. Evitar distorções do seu conteúdo durante a distribuição

Referência

O “controle da narrativa” é basicamente o cuidado com o caminho que seu trabalho vai percorrer, em que mãos vai chegar e como você pode prever que ele esteja mais perto o possível das mãos certas, de pessoas que valorizem suas pautas.  Para garantir o controle desse caminho, ou seja, para garantir que o seu produto seja usado para os fins aos quais ele foi pensado, o ideal é inverter a lógica de planejamento do processo de distribuição. Aprenda a fazer isso a partir da metodologia desenvolvida pela Énois.

Resultados

. Conseguir mapear uma rede de distribuição dos seus produtos

. Mapear a cadeia de distribuição e redistribuição dos seus conteúdos

. Ampliar o alcance das suas narrativas

Como medir

. Análise de impacto e alcance dos seus produtos e conteúdos

. Feedback da rede direta e indireta alcançada pela sua distribuição

. Avaliação institucional

Passo a passo

Controle de narrativa. A distribuição jornalística é uma ferramenta de empoderamento, para veículos independentes tomarem o seu espaço na mídia como geradores e produtores de suas próprias narrativas. Pensar em formas de garantir o controle dessa narrativa é evitar que o seu discurso seja distorcido e desrespeitado. Isso não necessariamente é feito na entrega do produto, mas olhando para todo o caminho percorrido por ele. 

Processo invertido. Para garantir o controle da sua narrativa, isto é, que o seu produto seja usado para os fins aos quais ele foi pensado, o ideal é inverter a lógica de planejamento do processo de distribuição. Comece a pensar do fim para o começo. Se for um evento, pela data que ocorrerá. Se for uma matéria, pela data de publicação. Dessa forma, você poderá criar uma linha de tudo o que precisa acontecer antes desse prazo e de quem estará envolvido em cada parte desse processo. 

Etapas do processo. Pensando no processo do fim para o começo, você também consegue mapear, em cada etapa, como se dará a distribuição. Isso te ajudará a saber, a todo momento, onde esse conteúdo irá passar. Dessa forma, você reduz as chances de que esse projeto chegue em quem pode subvertê-lo ou faltar com respeito à sua narrativa.   

Mapeamento. Ter controle da narrativa é ter controle de onde o nosso produto será divulgado, quem tocará nele e a qualidade desse impacto. Tudo isso surge a partir de um mapeamento de rede. Você precisa fazer um levantamento de quem serão as parcerias de distribuição do seu produto, de quem vai financiá-lo, de quem irá consumi-lo, de quem irá produzir, etc. Nesse mapeamento, devem estar listadas todas as pessoas que irão tocar no produto, seja na fase de produção ou na de consumo. 

As pessoas envolvidas. É muito mais fácil ter o controle da narrativa quando as pessoas envolvidas na produção, sobretudo em cargos de decisão, são aquelas que vivem a realidade, são tocadas por ela e reconhecem as necessidades de determinada pauta.

Vá até o seu público-alvo. Você precisa saber onde o seu público-alvo se reúne. Para tanto, precisa conhecê-lo e conversar com ele. Descubra qual é o local, virtual ou físico, que essas pessoas frequentam e pense numa distribuição que contemple a presença nesse espaço.

Pense nos canais. Reflita sobre os canais em que quer distribuir um conteúdo. Será que vale a pena publicar em um local de grande alcance, mas que reproduz racismo? Pense com quais canais que você e o seu veículo se identificam, quais aqueles são coerentes com as suas pautas.    

Faça redes. Estabeleça uma rede de contatos, de pessoas e locais que irão te ajudar a distribuir o seu conteúdo e que estejam alinhados à sua narrativa. Quem já fez parcerias anteriores, quem sempre participa das suas atividades. Essa rede de distribuição funcionará também como uma rede de apoio, além de fazer um trabalho de redistribuição entre com a rede dela, que poderá ser mapeado por você. Por exemplo, se você vai distribuir o conteúdo em um restaurante, considere que esse restaurante redistribui o conteúdo com os clientes dele.

Não se restrinja a uma única narrativa. As pautas são muito diversas e as narrativas também. Por isso, pense que ao falar de questões indígenas você não precisa necessariamente mapear na rede de distribuição somente pessoas indígenas. O mesmo para a temática racial. Por exemplo, se você for falar sobre beleza, pode mapear pessoas interessadas no tema, que trabalhem com a questão, etc. 

Trabalhe com o imponderável. Quando o seu projeto chegar ao público, provavelmente haverá um canal ou rede não mapeada que terá acesso a ele e poderá distorcer a sua narrativa. Então, trabalhe com o imponderável e faça uma lista de ações que precisam ser tomadas caso alguém use seu produto/projeto de uma forma que não seja interessante para o seu coletivo. Se possível, entre em contato com o local em questão e peça para participar da distribuição/divulgação. Complemente as informações, corrija e se posicione sobre o que, de fato, você quer ver veiculado.

Peça para participar da produção. Acompanhar o processo de produção, do outro veículo, sobre o seu trabalho também é uma forma de manter o controle da sua narrativa. Peça para ver o que está sendo feito, conheça os envolvidos, demonstre interesse em conhecer os bastidores da produção, assim você saberá os rumos que ela está tomando. 

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