Objetivos
.Criar um protocolo de saúde mental para as redações
.Ter equipes emocionalmente equilibradas
.Romper a cultura do silêncio e o medo de falar sobre desequilíbrio emocional
.Criar uma política de acolhimento para profissionais em desequilíbrio emocional
Referência
A Énois realizou um Redação Aberta com o tema “como buscar o equilíbrio emocional após um ano cobrindo a pandemia”, com a participação de João Frey, ex-chefe de redação do Congresso em Foco e fundador da Livre.jor, e Guilherme Valadares, diretor de pesquisa no Instituto PDH e professor de equilíbrio emocional certificado pelo programa CEB (Cultivating Emotional Balance).
Durante o encontro, Guilherme mostrou quais os aprendizados adquiriu ao dar cursos sobre equilíbrio emocional para jornalistas, e também falou sobre a diferença que faz o equilíbrio emocional da redação diante de eventos estressores, como a pandemia da covid-19. João Frey abordou como ter falado sobre a própria saúde mental desencadeou ações para toda a equipe dentro do Congresso em Foco.
Resultados
. Criação de grupos de escuta e troca dentro da redação
. Estabelecimento de protocolos de folgas e outras medidas para profissionais em estresse emocional
. Equipe emocionalmente equilibradas
. Ruptura da cultura do silêncio sobre desequilíbrio emocional
. Criação de fluxos de comunicação menos invasivos
Como medir
. Feedback direto da equipe
. Análises periódicas de acompanhamento de produtividade
. Em conversas informais onde o tema é mencionado
. Por meio de relatórios de gestão
Passo a passo
Entenda o que é equilíbrio emocional. Um primeiro passo para implementar ações de saúde mental na sua redação é entender o que é equilíbrio emocional. Ao usar essa expressão, de acordo com Guilherme Valadares, estamos nos referindo a:
- Ter consciência das nossas experiências emocionais internas
- Ter consciência das emoções dos outros
- Responder com consciência no momento presente
- Identificar os gatilhos e padrões habituais de comportamento, em nós e nos outros
- Ser capaz de fazer escolhas emocionais mais construtivas
Se enxergar como cuidadora ou cuidador. Cuidar dos outros também é cuidar de si. Os jornalistas precisam entender que, além de cuidar das pautas, das demandas diárias e das crises sociais, precisam cuidar uns dos outros. Ter essa consciência possibilitará identificar desequilíbrios ao redor e propor soluções.
Descobrir como está a saúde mental da redação. Se pergunte, com frequência, como estão os jornalistas da sua redação. Você já parou para pensar como a rotina de trabalho tem afetado a vida deles? E aqueles que cobrem eventos extremos – como uma crise política, econômica, social ou climática – como estar diante do episódio mexeu com eles? Trace estratégias para consultar e ouvir os colegas.
Busque referências. Procure instituições, redações e colegas que também estão atentos ao tema, como o Repórteres sem Fronteiras, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), Reuters Institute, BBC Academy ou o Dart Center for Journalism and Trauma, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. Leia dicas dadas por essas instituições, procure os porta-vozes para trocar informações. Ou ainda contrate serviços profissionais especializados em apoio psicoterapêutico para desenhar uma política de saúde mental para a redação.
Entenda as conexões e consequências do desequilíbrio emocional da equipe. Faça o exercício de ver como o desequilíbrio emocional da equipe está impactando na saúde mental da redação, e este na saúde emocional dos leitores, que em consequência influencia na saúde mental da sociedade. São quatro pilares que estão conectados e se retroalimentam. Também se retroalimentam uma equipe e/ou uma chefia emocionalmente desequilibradas.
Rompa a cultura do silêncio. O jornalismo sempre tratou o tema de saúde mental como tabu. Romper com essa cultura favorece que as dores possam ser reconhecidas, evita a normalização de abusos, cria espaços de fala e escuta e permite que as pessoas se sintam confortáveis em se abrir. Isso mostra que o problema não é individual, mas estrutural, e que falar sobre ele não irá acabar com uma carreira.
Crie espaços seguros para compartilhamento. Abra um canal de comunicação entre os repórteres, entre estes e as chefias e entre as chefias e os diretores. Isso pode ser feito por meio de reuniões de pauta ou até mesmo através da criação de grupos de compartilhamento segmentados por interesses ou perfis. Exemplo: criar um grupo de mães, ou um grupo de mulheres da redação.
Ofereça treinamentos. Busque especialistas que possam oferecer palestras, treinamentos e oficinas em equilíbrio emocional para a redação. Essas formações devem ser contínuas, não apenas em períodos de crise.
Suporte financeiro. Escute a sua equipe e entenda se há uma necessidade de dar apoio financeiro para que cada profissional tenha um cuidado periódico, como acompanhamentos psicológico e psiquiátrico. Analise o que foi trazido nas escutas e busque financiamento para implementar esse subsídio.
Cuidado com as ferramentas. Busque ferramentas de gestão de projetos e conversação entre as equipes que possam ser desativadas/desligadas fora do horário de trabalho. Isso evita a troca de mensagens ininterruptas, reduz a ansiedade e evita a sensação de estar 24h trabalhando. Exemplos: usar o Slack (ou similares) no lugar de usar o Whatsapp (ou similares).
Problema estrutural. Entenda que a saúde mental é atravessada pelas diferenças de classe, raça e gênero, então não basta apenas garantir dinheiro para que as pessoas busquem apoio psicológico, é preciso reconhecer como essa diversidade impacta na saúde mental da equipe e dos indivíduos.
Introduza o tema nas diretrizes da empresa. Depois de criar os mecanismos acima, introduza o fluxo nas diretrizes da empresa, para que as ações possam ser encadeadas e passem a fazer parte da cultura organizacional.
Crie um comitê. Estabeleça um comitê de monitoramento das ações em equilíbrio emocional dentro da redação, que possa se reunir periodicamente para avaliar as atividades realizadas, propor novas intervenções e rever processos.