Caixa de Ferramentas da Diversidade

Um roteiro para uma inclusão justa

Tempo de leitura: 3 minutos
Objetivo
  • Tornar o conteúdo mais representativo e diverso, a partir do relacionamento com as fontes, personagens, equipe e leitores. 
Referência

“O Futuro do jornalismo é colaborativo”, defende a jornalista americana Heather Bryant, fundadora do Projeto Facet. Pesquisadora pela John S. Knight, Heather ressalta em publicações a importância do preparo dos jornalistas para implementarem ações que aproximem a comunidade local para dentro das redações. 

A jornalista defende que muito mais que apenas pedir para uma pessoa ser entrevistada, o processo de abordagem e aproximação precisa ser visto como um processo contínuo. 

Resultados
  • Aproximação e inclusão com a comunidade local 
  • Descentralização do poder do jornalista ao decidir qual será a pauta, muitas vezes respeitando a necessidade do público de fato 
  • Novas ideias de projetos, produtos e matérias vindas da colaboração da comunidade
  • Maior aprofundamento da história do colaborador durante a entrevista 
Como Medir

> Mensure quantas fontes e personagens foram representadas no conteúdo divulgado, com recorte de raça e gênero.

> Mensure também quais regiões estão sendo mais representadas nas reportagens.

> De tempos em tempos, compare os dados coletados para saber se houve ou não avanço no número de pessoas ouvidas, com equidade de raça, gênero e território.

Passo a passo 

O planejamento pode ser resumido com os tópicos: Serviço comunitário → Respeito→ Confiança mútua → Inclusão justa e ativa → Participação significativa → Poder compartilhado. 

  • Serviço Comunitário. Antes de abordar ou começar qualquer projeto em uma comunidade pesquise junto da redação a história daquele local. Mesmo que você já conheça a região, se dedique a entender mais da origem do local e das dificuldades enfrentadas dentro do território. Ao contrário de aparecer apenas quando se precisa de alguém para entrevistar, se faça presente é acessível. 

           Dentro dessa primeira fase, realize ações como: 

  • Identifique as necessidades locais das notícias (Mapeie o ecossistema que você vai cobrir).
  • Mude o modo que você cobre as notícias (Atenda às necessidades locais cobrindo a realidade de uma comunidade de maneiras compatíveis com a realidade, ou seja, não apenas cobrindo crimes ou dificuldades).
  • Crie engajamento com a comunidade e deixe um espaço aberto para feedback e ideias. 
  • Use plataformas de publicações que sejam acessíveis. 
  • Respeito. Espalhe a cultura do respeito dentro do seu time. Crie uma relação de respeito com seus colaboradores, independente de eles serem especialistas ou não terem diploma algum. As pessoas não escolhem quem é o jornalista que vai entrevistá-las. Nosso público deve ser respeitado como participante do processo editorial, especialista em suas próprias experiências vividas e fonte valiosa em vários aspectos de suas vidas e nos vários problemas que o afeta. 
  • Confiança mútua. Reflita e perceba como a confiança mútua, entre os jornalistas e colaboradores, pode ocorrer de fato. Entenda que cada pessoa é expert da sua própria experiência de vida. Seja presente dentro da comunidade, escute, recolha feedbacks mesmo quando não tiver nenhuma matéria sobre ela naquele momento. 
  • Inclusão justa e ativa. Reveja o processo tradicional que envolve o processo de publicação de uma matéria dentro da sua redação para ver se há inclusão. Pergunte-se:

Que área eu estou cobrindo?

Qual é o diferencial específico dessa história?

Quem vai conseguir ter acesso ao conteúdo que estou publicando? (é necessário pagar algum valor ou fazer alguma inscrição para ver o meu conteúdo?)

Quem é o repórter, editor e equipe que preciso chamar para fazer essa reportagem?

Interaja com esses membros fora do contexto da matéria. 

Isso acaba funcionando como uma análise de quem são as pessoas envolvidas no seu trabalho. Cabe uma reflexão de como tornar e chamar outras pessoas para tornar o time mais inclusivo e igualitário. 

  • Participação significativa.  Entenda como o colaborador ou entrevistado pode ter uma participação mais significativa dentro do seu material. Reflita:
Tome nota:

Se você faz uma história sobre pobreza e o colaborador está enfrentando dificuldades econômicas, ele vira um objeto da sua história.

Se você faz uma história sobre pobreza e o colaborador está enfrentando dificuldades econômicas e você o entrevista, isso gera uma voz para ele.

Se você faz uma história sobre pobreza e o colaborador te informa, estrutura e orienta a história, ele vira um parceiro.

Esses papéis podem mudar e evoluir de acordo com a necessidade de cada lado. Este é um jornalismo visto como um processo, ao invés de jornalismo como uma instituição.


Implemente essa frase dentro da sua redação: Poder compartilhado é melhor que poder concentrado. A maioria dos jornalistas não iriam existir se não fosse a comunidade.

Links

https://medium.com/@HBCompass/a-roadmap-for-equitable-inclusion-1005a82ea6dd

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