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Lições sobre o uso da linguagem na cobertura de pessoas encarceradas

Tempo de leitura: 2 minutos
Objetivos

. Ensinar quais as palavras e termos mais adequados na cobertura do encarceramento e de pessoas encarceradas

. Promover uma cobertura que evite estereótipos e violações de direitos humanos

. Reduzir o uso de palavras desumanizantes em textos jornalísticos

. Não reproduzir o racismo estrutural e o classismo por meio das produções jornalísticas

Referência

O The Marshall Project é referência na produção de reportagens e conteúdos sobre a justiça criminal nos Estados Unidos. Ao aprofundar o engajamento e diálogo com pessoas encarceradas que haviam passado pelas prisões, eles perceberam que havia uma urgência em examinar e refletir sobre a linguagem usada nas produções. Por isso, criaram o The Language Project.

O material tem três objetivos. O primeiro é mostrar o impacto nas pessoas das palavras que escolhemos para escrever textos. Em segundo lugar, eles fizeram um guia do que usar e o que evitar ao cobrir o encarceramento. O último objetivo é ofertar alternativas para estereótipos e palavras que rotulam. 

Resultados

. Produzir um guia de estilo para orientar a cobertura sobre justiça criminal

. Entender como as pessoas encarceradas gostariam de ser chamadas

. Produzir uma cobertura mais humanizada do tema

Como medir

. Percepção das pessoas encarceradas e suas famílias

. Mudança gradual da linguagem usada nas produções jornalísticas

. Análise da linguagem usada nas matérias sobre o tema

Passo a passo

Pessoas são pessoas. É preciso demarcar, na linguagem, que pessoas que estão presas são pessoas. Parece redundante, mas não é. O jornalista pode usar uma linguagem para desenhar uma realidade que retrata a complexidade da vida humana, ao contrário de separar uma pessoa pelo seu status.

Interromper suposições. O jornalista deve oferecer no texto uma narrativa que interrompa suposições sobre a vida ali relatada. Não há ninguém com uma história previsível, e cabe ao repórter tentar chegar a essa verdade. 

Perceber as construções defensivas. Muitas vezes a linguagem evidencia a busca de segurança, medo e distanciamento dessas populações. Evite esses termos que rotulam e dão a sensação de segurança a partir da segregação, como “ladrão, “criminoso”, “bandido”, etc.

Moldar percepções. A linguagem pode moldar as percepções sobre a capacidade de mudança de uma pessoa encarcerada. Um jornalista que usa a linguagem pessoal pode ajudar o público a ver essa pessoa como um membro de sua comunidade. Isso pode se traduzir na decisão de um empresário de contratá-la, por exemplo. Rótulos como “criminoso”, por outro lado, criam um senso de marginalização, onde sentimos que algumas pessoas não pertencem ao nosso mundo.

Processo evolutivo. É importante seguir pesquisando e atualizado o vocabulário, de acordo com as percepções da comunidade de pessoas encarceradas. Ser rotulado como algo negativo pela sociedade pode trazer à tona uma sensação internalizada de opressão, mas também pode criar a possibilidade de resistência.

Ouvir a comunidade. Nunca presumir que todos os que estão presos têm as mesmas opiniões. Há uma tendência de dizer que devemos usar apenas um tipo de linguagem. Em vez disso, devemos operar a partir de uma posição que não seja sobre o policiamento da linguagem, mas sobre as experiências das pessoas. Precisamos refletir e questionar mais sobre como eles pensam sobre suas próprias vidas dentro e fora da prisão.

Links

https://www.themarshallproject.org/2021/04/13/people-first-language-matters-so-does-the-rest-of-the-story

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