Objetivos
- Cobrir e pautar a diversidade a partir das eleições
- Encontrar pautas sobre questões LGBTQIA+, de gênero, de raça e território durante o período eleitoral
- Ampliar a distribuição dos conteúdos sobre eleições
- Gerar impacto nos territórios a partir da cobertura eleitoral, mesmo quando o pleito é nacional
Referências
As eleições são sempre períodos que mobilizam uma cobertura extensiva dos meios de comunicação, pois neles o papel da imprensa se torna ainda mais relevante na garantia de acesso à informação e na defesa da democracia. As eleições de 2022, em especial, serão realizadas em “um contexto de crescentes ataques a jornalistas, comunicadores e violações da liberdade de imprensa”, segundo várias entidades que assinaram carta divulgada no Dia Mundial da Imprensa, 3 de maio. O Redação Aberta 29 foi sobre o tema e contou com a participação de Bia Barbosa, coordenadora de incidência do Repórteres sem Fronteiras, e Paulo Talarico, cofundador e editor-chefe da Agência Mural. Paulo trouxe várias dicas sobre
como e por que pautar a diversidade na cobertura, olhando para questões de raça, gênero e território, a partir das experiências da Mural.
Resultados
- Maior interesse do público nas reportagens
- Impacto na forma como as pessoas consomem conteúdos sobre eleições
- Ampliação da participação do público na produção dos conteúdos jornalísticos
- Uma cobertura mais diversa, com temas mais relacionados aos interesses do público do veículo
Como medir
- Avaliação da cobertura, após a finalização
- Feedback do público do veículo
- Comparação com coberturas eleitorais de anos anteriores
- Engajamento da audiência e da redação na produção dos conteúdos
Passo a passo
Fugir do estereótipo do voto fácil. Vá além da ideia de que as pessoas da periferia votam da mesma forma, que os territórios periféricos são locais de fácil manipulação para votos. A periferia é composta por pessoas diferentes, com pensamentos diferentes e posições políticas distintas. São também pessoas capazes de decidir com maturidade em quem votar. Não subestime essas pessoas.
Explique o processo eleitoral. Muitas pessoas não conhecem, na integralidade, o quão complexo é o processo eleitoral. Faça conteúdos que expliquem a função de cada cargo, as etapas até o dia do voto, o mecanismo de contabilização dos votos, entre outros. Isso ajudará as pessoas a entenderem o passo a passo de uma votação e o impacto da política como um todo para o território.
Preste atenção na atuação política local. As periferias costumam ter lideranças locais, conselhos participativos, demandas próprias para o poder público. Procure compreender a atuação política das pessoas do próprio território, converse com elas, você vai entender as demandas de pauta daquele local e como ele se organiza, para além da polarização das intenções de votos.
Entenda o pensamento das pessoas. Entenda o que leva as pessoas a constituírem o interesse por um candidato. Ouça vários segmentos sem preconceito, como os religiosos, comerciantes, mulheres, mães, líderes comunitários, homens, entre outros. Busque compreender a diversidade que há também dentro desses grupos e por que algumas pessoas, por exemplo, decidem não votar ou participar ativamente do processo eleitoral.
Explique porque os serviços funcionam ou não funcionam. Evidencie em pautas conteúdos relacionados à vida cotidiana das pessoas, como porque alguns serviços não funcionam. Conecte o tema com a estrutura política que explicam o funcionamento ou não funcionamento de algo. Leve as pessoas a entenderem essa relação.
Pense no vocabulário. Quando o assunto é política, uma palavra que é usada em uma matéria pode repelir algum segmento da sociedade que você queira alcançar. Às vezes, você pode fazer uma pauta sobre feminismo, mas não usar essa palavra quando pretende fazer um conteúdo que gostaria que furasse uma bolha – chegar a um público mais conservador, por exemplo.
Do Nacional para o local. Mesmo quando a eleição for nacional, produza conteúdos que correlacionem as pautas dos candidatos ou interesses deles à realidade das pessoas da sua região ou cidade. É importante que as pessoas entendam o impacto de uma decisão de um presidente, por exemplo, na vida cotidiana delas.
Tenha uma equipe diversa. Contrate pessoas com perfil racial, territorial e de gênero diferentes, pois elas identificarão e se interessarão por assuntos distintos. Isso trará, naturalmente, diversidade para a cobertura, pois essas pessoas são cidadãs impactadas pela políticas públicas. A diversidade se constrói também a partir de quem reporta.
Entreviste pessoas diversas. Além de ter uma equipe diversa, é preciso ampliar a diversidade de fontes entrevistadas. Busque a perspectiva de mulheres, indígenas, pessoas negras, população LGBTQIA+, e descubra: o que elas pensam das eleições, o que querem, quem são os candidates que representam esses segmentos, quais as pautas deles.
Diversifique o formato. Entenda onde está o público com o qual você quer se comunicar e como essas pessoas consomem conteúdos. A partir daí, trace estratégias para diversificar os formatos dos produtos criados, para ampliar a distribuição deles. A Mural, por exemplo, já usou carros de som para distribuir áudios de um podcast na quebrada. Isso também serve para pensar em como chegar a novos públicos. Você também pode usar um mesmo conteúdo e fragmentá-lo em várias formas diferentes: um podcast vira mensagem de carro de som, como fez a Mural, por exemplo.
Faça parcerias com outros veículos. Parcerias com outros veículos de comunicação também amplifica a voz do seu veículo, ajuda a se proteger de ataques virtuais e físicos e permite uma cobertura mais profunda e complexa, principalmente para veículos com uma equipe pequena. As parcerias também podem ser com instituições do território, para distribuir e conectar a comunidade com os jornalistas, o que ajuda na credibilidade do trabalho jornalístico local.