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Como promover uma comunicação anticapacitista

Tempo de leitura: 3 minutos
Objetivos

. Promover uma comunicação anticapacitista, que evite a discriminação e a opressão contra pessoas com deficiência

. Evitar o uso de estereótipos capacitistas na produção de conteúdos

. Incluir a luta anticapacitista dentro das produções e gestão da redação 

Referência

Luciana Viegas, mãe, professora, mulher negra e autista, criou o movimento #vidasnegrascomdeficienciaimportam e aborda como promover uma acessibilidade que elimina barreiras na comunicação interpessoal (face a face, língua de sinais), escrita (jornal, revista, livro, carta, apostila etc., incluindo textos em braile, uso do computador portátil) e virtual (acessibilidade digital).

Outro exemplo vem da ProPublica, uma organização dos Estados Unidos que adotou a publicação de conteúdos com um tipo de texto que usa palavras comuns, frases curtas e estrutura na voz ativa para tornar as informações mais acessíveis às pessoas com deficiências.

Resultados

> Inclusão de pessoas com deficiência como fontes de reportagens em geral

> Reportagens sobre deficiência sem abordagem vitimista ou capacitista, mas cidadã

> Olhar estrutural, não individual, para questões ligadas à deficiência

>Promoção integral de uma comunicação anticapacitista

Como medir

. Quantidade de produções com linguagem acessível

. Feedback de pessoas com deficiência

. Auditoria de fontes com abordagens de comunicação anticapacitista

. Contratação de pessoas com deficiência

Passo a passo
Respeite o protagonismo.

Lembre-se de não reforçar nas matérias estereótipos de superação, “infantilização”, ou marginalização de pessoas com deficiência e de suas famílias. Evite enfoques assistencialistas. Perceba qual a intenção ao publicar uma pauta sobre esse tema. 

Exemplos como os abaixo estão errados:

  1. “Adolescente autista supera e chama atenção por praticar vôlei”
  2. “Mãe que cuida de três filhos com deficiência em SP transforma superação em livro”
  3. “Jovem negro com deficiência intelectual passa 20 dias preso após reconhecimento irregular”
Aprenda a escutar.

Quantas pessoas com deficiência você conhece? Acompanha ou assiste? Aprenda com essas pessoas e pesquise! Se informe, para não reproduzir notícias e falas capacitistas em suas reportagens e conteúdos. Lu Viegas diz: “Escutar é acolher toda forma de comunicação!”. 

Torne seu conteúdo mais acessível.

Você parou para pensar sobre o formato de seu conteúdo? Não só descrição de imagens como legendas em mídias de vídeos, mas acessibilizar a escrita também facilita o processo.

Faça versões do conteúdo com linguagens mais simples.

Adote um tipo de texto que usa palavras comuns, frases curtas e estrutura clara para tornar as informações mais acessíveis às pessoas com deficiências intelectuais e de desenvolvimento.

Cuidado para não ser infantilizante.

Ao adotar uma linguagem simples, não se presume que alguém com deficiência irá querer ler apenas essa versão. Ofereça todas as versões do texto.  

Diversifique as fontes.

Evitar que as únicas fontes entrevistadas sejam a família, advogados, médicos e escolas das pessoas com deficiência.

Contextualize as histórias.

Explique e contextualize que os casos não são particulares e reforce que há um sistema que permite determinadas violações contra pessoas com deficiência. Seja didático ao mostrar as estruturas, leis, órgãos e políticas que deveriam existir ou estar funcionando e aponte como isso dificulta ou impede a vivência das pessoas com deficiência.

Dar valor ao tema.

Não pense nas pautas sobre deficiência como um favor, uma obrigação ou um apoio na falta de outras pautas. Insira o tema na agenda cotidiana do veículo, convocando a equipe a pensar sobre ele.

Evidencie as falhas.

Mostre quem são as autoridades que estão falhando na oferta de políticas públicas para pessoas com deficiência. Traga as estruturas responsáveis pelas barreiras às pessoas com deficiência, aponte quem são os responsáveis e aponte como isso dificulta ou impede a vivência das pessoas.

Cuidado com os verbos.

Evite o uso de verbos como sofrer, padecer. Prefira o uso do verbo “ter”.

Escreva sobre projetos e planos.

Busque produzir conteúdo sobre projetos e planos das pessoas com deficiência, não só sobre as situações em que elas podem ser identificadas como vítimas.

Humanize pessoas com deficiência.

Lembre-se que a deficiência faz parte da diversidade humana. Portanto, pessoas com deficiência são PESSOAS antes da sua deficiência. 

Links

https://drive.google.com/file/d/11AlEPG0j81P2KaYIQIDq6LYKVjDpd9h1/view

https://www.vidasnegrascomdeficiencia.org/quem-somos

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