Caixa de Ferramentas da Diversidade

Como e por que fazer uma auditoria de fontes

Tempo de leitura: 3 minutos
Objetivo
  • Identificar se seus conteúdos refletem a sua comunidade
  • Descobrir como você pode diversificar as fontes ouvidas pela reportagem
  • Saber qual é o padrão de fontes entrevistadas pela equipe
  • Ampliar a diversidade na produção  
Referência

A equipe da KQED, uma estação de rádio e TV pública da Bay Area, na Califórnia, começou a se questionar sobre o quanto os conteúdos produzidos por eles espelhavam a diversidade da comunidade da região que cobriam. Atuando em uma das partes mais diversas do país, com desigualdades e disparidades sociais, inclusive na própria redação, eles decidiram fazer uma auditoria de fontes retroativa nos conteúdos já produzidos, para saber quem e quais discursos estavam sendo retratados nas reportagens. Eles identificaram, características como sexo, raça, idade e localização das fontes, e cruzaram com os dados demográficos locais. 

Resultados
  • Evitar a perpetuação de preconceitos
  • Ampliar a cobertura para outras áreas da cidade
  • Incluir temas e discursos que antes não eram representados nos conteúdos e reportagens
  • Incluir a diversidade no plano estratégico da empresa
Como medir 
  • Analisar quantidade e perfil das fontes entrevistadas
  • Medir a adesão das áreas e equipes da empresa
  • Captação de recursos
  • Feedbacks da audiência sobre os conteúdos 
Passo a Passo

Escolher eixos. Decida em quais eixos você quer medir a diversidade e realizar a auditoria.  A KQED escolheu três: funcionários, audiência e fontes. Um relatório de diversidade da equipe completo, por exemplo, diferencia equipe jornalística de não jornalística, para ver quem está diretamente envolvido na produção de notícias; separa cargos de chefia e liderança; incluem dados de gênero e raça; e é publicado online, por questão de transparência e responsabilidade.  

Demonstre como uma auditoria de fontes se encaixa no quadro geral. Inclua a auditoria na produção do plano estratégico da organização ou encontre uma maneira de mudar os planos já existentes.

Pesquise os custos. Faça um mapa de quanto custará a auditoria de fontes. Se parecer algo fora do seu orçamento, lembre-se: taxas e serviços são negociáveis. 

Planeje a execução. Estude e estabeleça quem vai fazer a auditoria, se uma empresa externa, algum colaborador do veículo, entre outros, quem será responsável por acompanhar o desenvolvimento, qual a periodicidade da auditoria, etc.

Obtenha a adesão da chefia. Ter a adesão das chefias pode ajudar a fazer a auditoria acontecer, mesmo com as complexidades de uma grande organização.

Busque experiências anteriores. Converse com organizações de notícias que já fizeram o trabalho e compartilharam seus dados publicamente. Nos Estados Unidos, a NPR e o The New York Times, além da própria KQED, são exemplos. No Brasil, a Folha vem fazendo esse acompanhamento com o apoio da Énois.

Converse com outras áreas. Falar com equipes das áreas de recursos humanos, inteligência de mercado e captação de recursos, que lidam regularmente com dados demográficos, é útil. Também serve conversar com alguém que já analisa dados sobre raça, gênero e faixa etária. Conversar com a captação, por sua vez, pode ajudar a encontrar recursos para financiar a auditoria e entender como esses dados estratégicos podem trazer valor para os produtos desenvolvidos.

Tempo e reuniões. Esse é um processo que levará tempo, para identificar as políticas e processos que realmente provocam mudanças reais. As reuniões são importantes para planejar apresentações, que por sua vez podem ajudar na adesão da equipe, já que uma auditoria pode revelar parte do racismo estrutural e traumas da equipe. Delas, você pode tirar uma lista de partes da organização interessadas na auditoria. 

Trabalho em equipe. Tenha mais de uma pessoa atuando em prol da auditoria de fontes.  Pode ser uma pessoa para “abraçar” a auditoria e outra para atuar como parceira, aliada e mediadora. Elas podem se dividir para responder as perguntas mais frequentes, para “apagar os incêndios” e lidar com diferentes partes do problema. Isso evita que algo passe despercebido e cause problemas mais à frente. 

Haverá pausas. Considere que haverá obstáculos para realização da auditoria, como a queda de receitas da empresa ou até mesmo o acontecimento de um evento como a pandemia, que mobiliza todos os esforços para a cobertura. Se for necessário frear ou pausar o processo, não desanime, mas siga em frente. É importante ter um cronograma de ações e metas e reajustá-lo quando houver paradas.

Com os dados da auditoria em mãos, planeje as próximas etapas. A auditoria é apenas o começo. Reúna as recomendações que surgem desse processo para tomar decisões como aumentar a representação feminina nos conteúdos, fazer mais histórias sobre determinada região da cidade, buscar mais fontes negras, etc.  

Encontre alternativas. Se sua redação não possui recursos ou equipe para fazer uma auditoria de fontes, você pode inserir um questionário básico para ser aplicado a todas as fontes entrevistadas. Se perguntadas de forma respeitosa, com contexto, as fontes podem se mostrar dispostas a fornecer as informações.

Links

https://www.niemanlab.org/2021/03/want-to-know-if-your-news-organization-reflects-your-community-do-a-source-audit-heres-how/

https://cdn.kqed.org/wp-content/uploads/sites/23/2021/03/Impact-Architects-KQED-Source-Audit-Report.pdf

https://training.npr.org/wp-content/uploads/diversity-script.pdf

Material de apoio
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